Clave de Sons #18: Entrevista com Humana Taranja e recomendações de outubro (e setembro)
Em busca de um porto seguro com os Humana Taranja
Os Humana Taranja são das minhas bandas favoritas portuguesas dos últimos anos. Aliás, mais: os Humana Taranja são das melhores bandas portuguesas do momento. Há razões para isso.
Algum contexto. Os Humana Taranja são uma banda (e grupo de amigos) do Barreiro que fazem rock à moda da cidade que os viu nascer: orelhudo e pujante. Apresentaram-se ao mundo em 2018, no extinto (e saudoso) Barreiro Rocks, ainda com uma formação diferente da atual. Dessa formação, restam apenas Guilherme Firmino (voz, letras, guitarra rítmica, produção) e David Yala (guitarra), aos quais se juntaram Filipa da Silva Pina (voz, teclas), Marta Inverno (baixo, coros) e Afonso Ferreira (bateria, coros).
Durante esse período de transformação, os Humana Taranja apresentaram algumas malhas bem catitas no curta-duração Quase Vivos (2020), uma aprimoração das demos apresentadas em Demo Tapes (2019). Mas foi com o lançamento dos singles do seu primeiro longa-duração que os Humana Taranja mostravam ser uma banda com um toque de midas capaz de navegar a insegura existência dos vintes. Zafira, o seu álbum de estreia editado em 2023, confirmou isso. E apesar dos singles – “Fado Tropical”, “Destino” e a faixa título – serem as faixas de maior destaque, deep cuts como “Cada Vez” ou “Nunca” mostravam que os Humana Taranja tinham potencial para irem além de um belo disco de estreia e fazerem um grande segundo disco. E esse grande segundo disco cumpre-se agora. Chama-se EUDAEMONIA e apresenta uns Humana Taranja mais maduros, tanto emocionalmente como musicalmente. Cresceram, aprenderam com as mágoas.
Quando conversei me embebedei com os Humana Taranja no início de 2023 sobre Zafira, fiquei com impressão que a banda estava mais aliviada por ter colocado Zafira cá fora do que propriamente impressionada pela qualidade do álbum. A gravação do álbum foi demorada e atribulada, um processo que os Humana Taranja fizeram de tudo para não replicarem em EUDAEMONIA. Até porque, quando lançaram Zafira, praticamente todas as bases de grande parte daquilo que são as malhas de EUDAEMONIA estavam feitas.
“O Zafira foi uma aprendizagem para o que não fazermos com este”, revela Guilherme Firmino, ele que continua a ser o maior cérebro por detrás dos Humana Taranja. Porém, em EUDAEMONIA, os Humana Taranja operam mais como uma banda e não como um conjunto de amigos a musicar as ideias e conceitos de Guilherme.
“Este álbum é um degrau necessário para que o próximo [álbum] seja ainda mais banda e menos eu”, admite o principal vocalista e guitarrista rítmico do quinteto. “Valorizo cada vez mais fazer parte de uma entidade e não ser uma cena só minha”, confessa Guilherme.
“Para o Zafira e as coisas anteriores, estávamos meio a tentar copiar o que o Gui fazia”, conta Afonso Ferreira. “Agora, já não é bem assim Sinto que neste disco tive um input muito maior naquilo que toquei do que no Zafira”, confessa o baterista, que adiciona uma justificação para esta mudança na abordagem à composição por parte dos Humana Taranja. “Está ligado à destreza que cada um tem mais a tocar”, reflete. “Cada pessoa tem a sua forma de tocar e adaptamos aquilo que o Gui nos mostra à nossa maneira de tocar”, confessa Marta Inverno. “Tocamos imenso a seguir a lançarmos o Zafira e acabamos o ano [de 2023] a tocar muito melhor do que antes”, indica. “Notei essa diferença também”, acrescenta Guilherme.
Os Humana Taranja têm razão quando dizem que estão a tocar “melhor”. Nota-se que melhoraram enquanto músicos e não têm medo de se soltarem mais. Em EUDAEMONIA, os Humana Taranja soam a uma banda bem oleada (tight, como se diz na gíria). Isto resulta não só em composições mais arrojadas face a Zafira, mas também num disco que soa tecnicamente mais refinado que o seu predecessor. “Houve um esforço maior de fazer a música soar bem”, admite Afonso Ferreira. Foi por isso que, além de gravarem no novo Estúdio King no Barreiro, os Humana Taranja foram ao Porto gravar com EVAYA e polivalente as vozes e baterias no Arda Recorders.
Mas lá está – EUDAEMONIA não vive só da crescente maturidade musical dos Humana Taranja. Vive também da sua maior maturidade emocional. Tal como Zafira, EUDAEMONIA é uma viagem de autodescoberta pintada por tons coloridos e q.b. concetuais. Mas se Zafira era marcado pela tentativa dos Humana Taranja em escapar à melancolia, em EUDAEMONIA – uma expressão grega cujo significado aponta para o caminho da felicidade – os Humana Taranja aceitam a complexidade infinita das emoções. Aceitam a melancolia e a tristeza, mas não deixam de querer buscar a felicidade.
Há momentos de EUDAEMONIA onde a melancolia surge como principal ingrediente. “PODEM ENTRAR”, por exemplo, cruza o universo de B Fachada com indie rock à la Funeral dos Arcade Fire. Na cintilante “DIGO TUDO”, onde os Humana Taranja se aproximam da música emo (mais sobre isso daqui a uns segundos), escuta-se os versos que resumem o grande mote de EUDAEMONIA: “O tempo passa, nada muda / A única certeza / Era que o tempo sempre cura”. Há outros onde se escuta uma certa agressividade – “LONGE” (com polivalente) e “DEIXA ARDER” (com Alex D’Alva) e uma grande necessidade de libertar as emoções (bastante emo, se me perguntarem). E há outras canções onde os Humana Taranja caminham simplesmente em direção a “CASA” (com EVAYA), a um porto seguro que tanto necessitam e procuram.
“Este álbum surgiu de um sítio um bocado fodido – quote me on that – para mim”, confessa Guilherme. “Ao início, era suposto serem dois EPs, e acho que isso se nota. Daí a bipolaridade do álbum”, indica. É “INTERLÚDIO” que separa as duas partes de EUDAEMONIA. A primeira, lá está, é marcada por grandes tristezas e melancolias pintadas por tons de negrume. A segunda é marcada por uma esperança e por uma melancolia colorida. Tudo, claro, enquanto os Humana Taranja prestam homenagem às bandas que os influenciaram. Os Linda Martini continuam à cuca no topo da lista de influências dos Humana Taranja, mas é a sensibilidade pop da banda barreirense que a separa de grande parte dos seus contemporâneos – até mesmo das outras bandas que fazem música com bastante teor emocional portuguesas de momento. E são umas quantas. Herdeiros das Cafetras, Vaiapraias e Sambados desta vida, mas também do pós-hardcore e do art rock dos anos 2000, bandas como os Humana Taranja, Chinaskee, bbb hairdryer, Dispirited Spirits, roadkill, Calmness… a lista continua (juro que o artigo sobre emo tuga está para breve, ok?). São a evidência de que há um grupo de jovens sem medo de expor o seu lado mais vulnerável na sua música.
“Acho que o surgimento dessas bandas vem de uma consciencialização geral do quão importante é estares conectado com as tuas próprias emoções”, reflete Guilherme. “Porque foi isso que me fez perceber quais as cenas pelas quais estava a passar e como lidar com as coisas”, acrescenta. “Comecei a escrever o EUDAEMONIA quando comecei a ir à psicóloga, entendes? Foi uma coisa paralela à outra”, confessa. Prossegue. “O disco não foi pré-pensado que poderia ser um disco de emo, mas eu precisava de falar destas coisas que para mim são importantes. É muito sobre ir à procura de estar ok contigo próprio”, admite finalmente. Para Marta, EUDAEMONIA é sobre a capacidade de entender “que se estás mal num momento, não vais estar assim para sempre”. “O primeiro EP, ou seja, a primeira parte do disco, era sobre lidar com todo esse maltar e o segundo é sobre ires à procura de estares bem contigo próprio”, conclui Filipa.
Em EUDAEMONIA, mais do que uma fénix a reerguer-se das cinzas, os Humana Taranja encontram alguma paz. Fazem-no juntos e relembram da importância dos amigues. Afinal, são eles a família e a casa que realmente procuramos. Se “Do pó viemos / Ao pó voltamos”, como escutamos em “DE PÓ A NADA” (faixa que ecoa uns Linda Martini ali pela altura de Marsupial), estejamos cientes que levaremos estas canções dos Humana Taranja para onde quer que fomos daqui para a frente. Rumo a uma casa, talvez. A um porto seguro, com certeza. Com canções destas, encontrar a nossa estrada de tijolos amarelos fica um bocadinho mais fácil.
Os Humana Taranja apresentam EUDAEMONIA dia 28 de novembro na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, e a 13 de dezembro no Maus Hábitos, no Porto.
Recomendações de outubro (e setembro)
Duster, In Dreams – Os Duster podem não estar a fazer discos fantásticos como fizeram anos 90 nem com o primeiro pós-regresso, mas In Dreams continua a oferecer maresia suficiente para valer apenas a escuta. Paz e sossego. Por fim.
Tristwch Y Fenywod, Tristwch Y Fenywod – O Dia das Bruxas está literalmente à porta e este disco de folk/darkwave bizarro-gótico. Vão dançar para as florestas com o vosso clã a ouvir este álbum, fellow witches.
MJ Lenderman, Manning Fireworks – Lenderman é um herói de guitarra para esta geração e Manning Fireworks é a sua maior afirmação artística até ao momento. Escrevi sobre o disco mais a fundo na Playback.
Molchat Doma, Belaya Polosa – Se Monument foi um desapontamento, Belaya Polosa é um lembrete que os Molchat Doma são uma banda do caraças. O cruzamento do seu synth-pop frio com os argumentos dançantes da EBM é um match made in heaven. Discaço.
Nala Sinephro, Endlessness – Continuo com FOMO de não ter assistido ao seu concerto na Gulbenkian, mas Endlessness é um disco fantástico do primeiro acorde ao último. Cada faixa, uma pintura, cada exploração sonora entre o ambient e o jazz espiritual, uma viagem. Maravilha.
Dj Helviofox, Cala Boca – Se tem fox no nome, sabes que vai bater. E bate. Bom EP de estreia.
copo d’água, 00:00 amuletos – Entre o ambient e o slowcore, o novo EP de copo d´água vai-nos levar a encher o copo de água, sim. Com lágrimas. Belíssimo.
Janeiro, FUGACIDADE – O novo LP de Janeiro é uma surpresa muito bem-vinda. Revigora a sua carreira e aproxima-o da génese artística que o colocou na rota de muitos olheiros musicais a meio da década passada. Falei com ele sobre o álbum para o Rimas e Batidas.
Papangu, Lampião Rei – Ouçam só. Prog-rock estupidamente divertido e inventivo que entra para a categoria de zeuhl.
Midwife, No Depression In Heaven – Triste, triste e mais triste. Se não chorarem, ainda bem. Eu chorei.
Ka, The Thief Next to Jesus – A inesperada partida de Ka no início do mês foi uma tragégia para o hip-hop contemporâneo, mas a última carta musical que nos deixou o nova-iorquino é das mais fortes da sua carreira. Provavelmente o melhor disco de hip-hop de 2024?
Nilüfer Yanya, My Method Actor – Se PAINLESS é uma obra-prima do indie rock contemporâneo, My Method Actor não fica nada atrás. Mais consistente sonoramente que o seu predecessor, mas talvez um bocadinho menos urgente, My Method Actor encontra-se preenchido por grandes, enormes canções. Uma heroína da música de guitarra dos dias de hoje.
Foxing, Foxing – Draw Down The Moon foi um desapontamento, sim. Demasiado inconsistente. Mas o quinto álbum dos Foxing apresenta-nos uma banda prestes a arrebentar. O resultado? Um disco de pós-hardcore potentíssimo, carregado de emoção, que pode bem ser o melhor dos Foxing – e um dos melhores de 2024.
julie, my anti-aircraft friend – Se é pastiche de rock alternativo dos anos 90? Sim. Sem dúvidas. Mas o longa-duração de estreia dos julie mostra que o trio de Los Angeles tem muito fogo dentro de si para expelir e my anti-aircraft friend tem sumo suficiente para se destacar no antro do rock alternativo de hoje.
Nidia & Valentina, Estradas – Nídia juntou-se à baterista dos Moin Valentina Magaletti para cruzar tarraxo com eletroacústico. Se parece estranho ao início, rapidamente se entranha. Belíssimo álbum.
Etran de L’Aïr, 100% Sahara Guitar –Se gostam de Mdou Moctar, têm de escutar o tishoumaren de Etran de L’Aïr também. Grande jarda.
Jamie xx, In Waves – O regresso de Jamie xx aos discos cumpriu na expectativa de ser um belo disco de música de dança. Não pedíamos mais que isso.
GRAVV., MIXTAPE GRAVV. II - Em Sintra, há um polo de músicos e artistas a criarem coisas interessantes. Há de tudo neste EP, do ambient ao shoegaze, do rock barulhento a descontruções jazzísticas. They are cooking, indeed.
Wendy Eisenberg, Viewfinder – Um disco de jazz que soa aborrecido para caneco, mas que nos cativa em todos os seus momentos. A ouvir com atenção.
TORIENA, Kengai – Olhem, não sei bem explicar este álbum, mas mistura várias estirpes de eletrónica com shoegaze e bagey. Por favor, ouçam.
Xiu Xiu, 13" Frank Beltrame Italian Stiletto with Bison Horn Grips – O álbum mais direto que os Xiu Xiu fizeram desde Forget. Impressionante como os Xiu Xiu continuam a fazer música tão única e tão cativante depois de mais de 20 anos de atividade.
Inóspita, E Nós, Inóspita? – Se o disco de estreia de Inóspita a apresentou como uma das guitarras mais emotivas da tuga, o seu segundo álbum confirma-a.
Drug Church, PRUDE – Os Drug Church continuam consistentemente a serem das melhores bandas de hardcore do mundo. Mais um belo disco dos irmãos de Albany.
João Maia Ferreira, O Lobo Um Dia Irá Comer A Lua – Ao olhar para a nu-disco, João Maia Ferreira apresenta um álbum onde se reinventa como um grande escritor (e produtor) de canções pop. Só bops.
Geordie Greep, The New Sound – The New Sound é tão confuso quanto excitante. O primeiro disco a solo do ex-guitarrista e principal frontman dos black midi não deixa para trás nenhum do caos da banda que o viu crescer, mas abre-se em direção de coisas como o flamenco, a sala e, claro está, o prog-rock. Estupidamente bom, sim, mas também estupidamente uma bagunça em momentos. Vale a pena ouvir.
The Smile, Cutouts – Talvez o lançamento dos The Smile que mais gostei até ao momento?
The Hard Quartet, The Hard Quartet – Um supergrupo que envolve Stephen Malkmus, Matt Sweeney, Emmett Kelly e Jim White a apresentar um disco de estreia que mesmo não sendo a coisa mais excitante ou nova do mundo, impressiona pela sua qualidade. Mas o que esperar de uma banda com estes nomes envolvidos?
Blood Incantation, Absolute Elsewhere – O anterior disco dos Blood Incantation, Hidden History of the Human Race, figura bem no topo de melhores álbuns de metal da década de 2010. O novo vai figurar na lista de melhores álbuns de metal da década de 2020. Que maravilha de disco.
Jibóia, Salar – Talvez não tão excitante quanto OOOO, mas a irreverência artística de Óscar Silva e camaradagem continua a posicionar Jibóia como um dos projetos mais excitantes de música feita à base de guitarras em Portugal.
Chat Pile, Cool World – God’s Country era um disco estupendo. Cool World é um álbum estupidamente bom. Chat Pile have done it again, boys.
Confidence Man, 3AM (LA LA LA) – Capa terrível, mas juro que a música de dança à la anos 2000 dos Confidence Man vai-vos melhorar um bocadinho a vida. Juro joca!
Low End Activist, Municipal Dreams – Ouçam e fechem os olhos. Deixem as batidas britânicas levar-vos numa viagem pelos terrores e ansiedades da noite.
Kelly Lee Owens, Dreamstate – O regresso de Kelly Lee Owens aos álbuns de música de dança talvez não seja tão excitante quanto Inner Song, mas é todo ele um potento em como fazer hinos com música de dança. Belo álbum.
Porridge Radio, Clouds In The Sky They Will Always Be There For Me – O melhor disco dos Porridge Radio até ao momento. Recheado de canções tão amigas que se tornam facilmente parte das nossas vidas se as deixarmos.
Fin del Mundo, Hicimos crecer un bosque – Belíssimas canções que podiam (e deviam) pertencer ao catálogo da Captured Tracks.
PAPAYA, Nove / IX – Mais um projeto dos PAPAYA que soa urgente na sua irreverência punk. Por favor, sim, passem isto na rádio portuguesa. A altos berros, de preferência.
YAKUZA, 2 – Já o disse e volto a dizer – não há um projeto de jazz em Portugal tão excitante quanto os YAKUZA. Segundo longa-duração extraordinário de Afonso Serro e companhia.
Moin, You Never End – Dois anos depois de Paste, os Moin regressaram aos discos com um álbum onde se soltaram mais. As contribuições ajudam. É o melhor álbum da banda britânica até ao momento.
DJ Lycox, Guetto Star – Se tem selo da Príncipe, já sabem que é qualidade garantida. E o regresso de Lycox aos discos não fica nada atrás do que os restantes camaradas da Príncipe editaram este ano. Banger.
Her New Knife, chrome is lullaby – Provavelmente um dos EPs mais fortes que vão escutar este ano. Face a muito do revivalismo de shoegaze atual, os Her New Knife não se esquecem do essencial. Não é só sobre tocar guitarras alto, baby. É também preciso fazer canções. E os Her New Knife têm canções.
Astrodome, Seascapes – De regresso aos discos e concertos, os Astrodome surpreendem pela capacidade de fazer um disco tão hipnotizante quanto é este Seascapes. Das melhores surpresas de 2024.
Tyler, The Creator, CHROMAKOPIA – Continuo a achar que o Tyler não vai voltar a chegar ao pináculo de Flower Boy e IGOR, mas as canções gigantes de CHROMAKOPIA mostram que o Tyler continua com fome para continuar a traçar um trajeto como nenhum outro no hip-hop atual.
Laura Marling, Patterns In Repeat – Disco belíssimo do início ao fim. Se não emocionarem, recomendo verem se está tudo bem aí em casa.
Clauthewitch, Begonia – O EP de estreia de Clauthewitch soa a floresta, soa a magia, soa entre shoegaze e folk. E é bom. Ouçam.